sábado, 16 de janeiro de 2010

Oficina de escrita

 Na aula de Língua Portuguesa, fizemos alguns pastiches do seguinte conto de Fernando Veríssimo:

Conto Gramatical


Era a terceira vez que aquele nome e aquele artigo se encontravam no elevador.Um nome masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito subentendido, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O nome gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: óptimo, pensou o nome, mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do nome. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a insinuar-se. Começaram a aproximar-se e abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem uma frase simples passaria entre os dois. Entretanto a porta abriu-se repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjectivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e frases exclamativas. O nome, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa, pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar, atirou-o pela janela.
Agora, quem coloca ponto final sou eu. Ou melhor: coloco dois. Um, é para não perder a mania. Outro, é porque isso é um conto rápido, e não uma oração subordinada completiva.
(texto adaptado a partir de um conto de Fernando Veríssimo)


Conto Culinário  


    Era a terceira vez que aquela  faca e aquele o garfo se encontravam ao jantar, mas este era especial, era um jantar à luz das velas...
  Depois da digestão, era a vez do primeiro banho juntos... Ao entrarem no lavatório da banca o cano, entupiu e a banca encheu, ouviam-se os gritos, salve-se quem poder... mas quase a sussurrar no meio daquela confusão toda, ouvia-se a faca a gritar, SOCORRO, eu não sei nadar..
      O garfo ao ouvir aquela voz foi atrás da faca, mas já era tarde, o cano já tinha engolido faca.
A colher dizia ao garfo: "Já é tarde, SALVA-TE  A TI." O garfo não "ligou", entrou no cano, e salvou a faca. Aao saírem do cano só  queriam divertir-se e foram para a  BHM, a festa na gaveta estava animada, quando lá entraram, as tigelas saltavam, as colheres gritavam. E eles viveram felizes para sempre.

Bruno Miguel, Hugo Lima, Márcio Filipe, 7.D (texto digitalizado pela Denise)

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