sábado, 9 de junho de 2012
[Oficina de escrita]
Barca do Paraíso, 3 de Novembro 1517
Prezado D. Anrique
(mais conhecido por Fidalgo):
Venho por este meio expressar a minha preocupação pela sua conduta.
Tenho, na minha qualidade de representante do Paraíso, observado as suas ações e sinto-me na obrigação de lhe dizer que, se assim continuar, o Inferno será o seu destino.
Como sabe, aqui tudo vemos e sabemos. A tirania não é a melhor maneira de garantir um lugar no céu e, rezar ou mandar rezar, sem qualquer sentimento, muito menos. Para garantir uma vida eterna feliz necessita de modificar o seu comportamento.
Cuide de sua esposa, ainda vai a tempo de recuperar o amor. Deixe a sua amante, pois ela também o engana. E um casamento baseado na mentira é um passaporte infernal. Trate bem os seus súbditos, afinal são eles que fazem de si fidalgo. Distribua as suas riquezas, porque, deste lado, de nada lhe valerão. É melhor ser amado do que temido.
Assim, se V. senhoria seguir os meus conselhos, ainda vai a tempo de assegurar uma eternidade na paz dos anjos. Caso contrário, se persistir na tirania, na falsidade, no engano e se continuar a acreditar que basta pedir que rezem por sua alma, o único futuro que o aguarda é o Inferno e, aqui, esperá-lo-á, o diabo.
Com os meus melhores cumprimentos e para que diga que não o avisei,
O Anjo
[Oficina de escrita]
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