terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
As mãos ensanguentadas 7ºA
Aterrorizava os amigos nas ruas. Pessoas, quando havia tempo para amedrontar. Vendia desencanto para um Halloween que se imaginava medonho. Eduardo, à espera das vítimas, ouvia-o: dizia, que gostava de matar, que a morte o encantava muito, atacando os amigos e as pessoas que por ali passavam. Tinha uma foice e uma motosserra, o homem que todas as noites esperava. Vestido de negro, os dentes afiados e os olhos encarnados fundiam-se na escuridão. Sem se saber como a caçada começava e a vida acabava.
Vendo chegar a vítima, levava à foice as mãos ensanguentadas, em busca de prazer. Vazias, faziam-no sentir o corpo cansado. A alma endiabrada, dizia, ao abrir os corpos para que deles saísse sangue. A vítima mais recente (que não falava) faria anos daí a dois dias. Queria paz e sossego. Paz e sossego para descansar à noite. Mas naquela noite ninguém andava na rua para se protegerem do psicopata à solta.
Sentado num telhado, num telhado frio, pensava em histórias – de terror antigas – embalando com o olhar o sangue a fervilhar. A casa onde se refugiava seria atacada: haveria sempre utensílios para chacinar as vítimas. A vítima, que morrera há pouco, nunca seria descoberta. Também ela tivera nome, mas pela boca do assassino, era tão-somente conhecida como mais uma vítima. A sua última vítima. Aquela que deixara enterrada, no quintal da sua casa escura, junto ao cipreste.
Custava-lhe enterrar: dizia-o com o olhar. Até os animais se enterram.
7ºA
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